Texto: Século Diário
Fotos: Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Atingidos capixabas iniciaram nesta segunda, 20 de janeiro, uma marcha partindo de Belo Horizonte para lembrar um ano de um dos maiores crimes socioambientais do país: a ruptura da barragem da Vale em Brumadinho (MG). Serão seis dias e 300 quilômetros em caravana, com a participação de cerca de 350 atingidos por represas de todo o Brasil.
Uma delegação capixaba está presente com cerca de 40 pessoas que são afetadas pelo crime de Mariana, que este ano completará cinco anos e atingiu diversas comunidades com a contaminação do Rio Doce. Participam do encontros atingidos de São Mateus, Colatina, Baixo Guandu, Conceição da Barra, Linhares, Aracruz e Vitória. Durante o percurso dos próximos dias, haverá uma série de atividades como assembleias, atos, denúncias e debates.
“Pretendemos contribuir como já viemos fazendo desde o início do processo, utilizando a experiência e o acúmulo político para ajudar os atingidos de Brumadinho sobre o que fazer e o que não fazer”, disse Heider Boza, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) no Espírito Santo. Devido ao que ocorreu anos antes com o crime da Samarco/Vale-BHP, os capixabas têm buscado auxiliar denunciando também as artimanhas das empresas e suas posturas para dificultar uma real reparação aos atingidos.
No caso de Brumadinho, Heider considera que os processos estão funcionando com maior rapidez, já que no caso do crime de Mariana ainda hoje as comunidades e populações atingidas em Minas Gerais e Espírito Santo aguardam contratação da assessoria técnica para dar início aos processos de indenização.
A Marcha dos Atingidos sai de Belo Horizonte e passa por Pompéu, Citrolândia, São Joaquim de Bicas e Betim antes de chegar em Brumadinho no dia 25 de janeiro, quando se completa um ano do desastre que atingiu a região e o Rio Paraopeba.
“A marcha dá visibilidade e legitimidade nacional e internacional a luta dos atingidos e atingidas por barragens diante dos dois crimes da Vale; fortalece a unidade e organização estadual e nacional entre atingidos na luta e resistência pelos seus direitos na construção de um novo projeto energético popular; denuncia os crimes e o tratamento que as empresas privadas vêm fazendo sobre a sociedade brasileira especialmente aos atingidos por barragens; e reconhece os atingidos e atingidas como defensores dos Direitos Humanos”, considera o MAB.
Heider Boza considera também que a participação na jornada será importante como momento de denúncia, articulação e formação política para o movimento no Brasil e no Espírito Santo. “Os atingidos sempre voltam com aprendizado e muito mais engajados; por isso, esses encontros têm uma papel pedagógico muito importante, ajuda a formar quadros para o movimento”.
A Marcha dos Atingidos de Belo Horizonte a Brumadinho marca também o final da Jornada de Lutas dos Atingidos que trouxe como lema “A Vale destrói, o povo constrói”, com várias atividades realizadas no país, algumas delas no Espírito Santo.