A Feira aconteceu no município de Baixo Guandú – ES, no dia 15 de novembro, organizada pelo Movimento de Atingidos por Barragem - MAB. Estiveram presentes os representantes de Atingidos de diversas comunidades do Estado do Espírito Santo e também do Estado de Minas Gerais, assim como secretários municipais de saúde e representante da Defensoria Pública do ES. Em sua programação foi proposto um debate “Os direitos da saúde dos atingidos”, que Teve a participação especial do Prefeito de Baixo Guandú Neto Barros, da pesquisadora Dulce Pereira e do Secretário de Saúde do Estado Nésio Fernandes.
O momento também foi marcado pela entrega oficial do Plano Municipal de Saúde de Baixo Guandú. O Prefeito Neto Barros deu as boas vindas e discursou sobre o impacto do crime e seus desdobramentos. Ressaltou a necessidade de contínua luta por reconhecimento e denunciou a criação da Renova no processo de reparação como estratégia de impunidade.
O secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes, fez uma rápida análise sobre o abandono da saúde no Estado, defendendo a regionalização da saúde e o empoderamento dos municípios, além de lembrar a necessidade do fortalecimento do Sistema Único de Saúde. Propôs que se estabeleça um sistema especial de informação sobre a saúde dos atingidos e preparo dos agentes que atuam na área. Também defendeu a instrumentalização das lutas e a análise trimestral da qualidade da água. Encerrou indicando a possível participação de órgãos e institutos internacionais no desenvolvimento de pesquisas, com a Organização das Nações Unidas, num processo de legitimação.
A pesquisadora Dulce Pereira alertou sobre a gravidade da contaminação da água e do solo, provocando mudanças de DNA, criação de endovirus, somado ao despreparo dos médicos para perceberem essas mudanças nas populações (os planos municipais de saúde precisam se atentar para isso). Denunciou o acontecimento como um desastre tecnológico e a falta de capacidade técnica junto à conivência das empresas, transformando todo o processo em criminoso. Junto a isso, denunciou o racismo ambiental e o desencadeamento de doenças mentais, que também podem estar ligadas aos metais pesados.
Defendeu a retirada da lama como algo necessário e possível, bem como a legitimação das pesquisas que estão sendo realizadas.
O final do debate foi marcado por falas dos atingidos com muita emoção, pedidos de socorro, agradecimentos e expressões de força na luta por melhores condições de saúde.
O evento também contou com atendimentos de atenção à saúde, apresentações culturais, como dança e Capoeira, além de feira de alimentos de saudáveis.